A Câmara começou a discutir na manhã ontem (20) o projeto encaminhado pela Prefeitura que propõe o reajuste no vale alimentação dos servidores municipais em 20%. O benefício, desde que foi implantado, corresponde a R$ 100. O aumento de 20% equivale a R$ 20, mas grande parte funcionários não concorda com o valor e pede um acréscimo maior.
O prefeito Claudemir Valério (PSDB) afirma que não é possível dar um reajuste acima de R$ 20, e que isso impactaria nas contas do município. “O vale não é salário, é um benefício que a gente dá para os funcionários. Não é salário! E hoje, isso incluiu dentro do salário. Ele é um benefício que a prefeitura dá”, respondeu justificando porque não houve proposta de aumento no benefício nos últimos anos.
A servidora Luciana Ribeiro não concorda com o valor de R$ 20. Para ela, já que o aumento do salário é pequeno, deveria haver uma compensação no reajuste do vale alimentação. “Eu acho muito pouco esse aumento (no vale). Eles já pagam bem pouco (no salário). No mercado dá para comprar pouca coisa com R$ 20. O valor deveria ser maior”, defende a servidora.
Vale Café
A opinião de Luciana é compartilhada pelo servidor Mauro Rodrigues. Para Mauro, o aumento deveria ser de ao menos 30%. “Eu não concordo com o reajuste de 20%, porque se tivesse sendo corrigido desde o primeiro ano que lançaram o vale alimentação, já estamos quase dentro de cinco anos. Então isso a uma média de 6%, já seria 30% de defasagem. Se o município quer só liberar para gente apenas R$ 20 já estamos perdendo do mesmo jeito. Então hoje no mínimo esse vale deveria ser de R$ 150 para recuperar a perda e a gente ter um ganho em cima”, defende.
Mauro aponta que houve um aumento significativo dos produtos alimentícios em relação há alguns anos. “Antes com R$ 100, há cinco anos você compraria bastante. Hoje na verdade ele se torna um vale café porque se você for comprar um litro de leite e um pacotinho de bolacha por dia dá mais do que R$ 3 e durante um mês, esse valor viria a ser R$ 90. Então eu não considero isso um vale alimentação, mas um vale café. E tão irrisório, que se você for analisar é um vale café”, avalia.
Sobre o argumento do prefeito de que o vale alimentação é apenas um benefício, o servidor concorda. “Na verdade ele está certo. O vale alimentação, o vale qualquer outra coisa que seja é um benefício acoplado no salário. Isso aí eu concordo. Eu sei também que se a Prefeitura não puder dar esse complemento, a gente não pode fazer nada, mas o certo seria ser pelo menos corrigido (o valor)”, disse.
Câmara se reúne às pressas para discutir o projeto
A reportagem recebeu a informação de que funcionários iriam acompanhar a reunião dos vereadores que discutiria o aumento do V.A, mas ela foi convocada às pressas na manhã de ontem.
O presidente da Câmara Adelino Lopes da Silva (PMDB) contou que a Casa está ainda de recesso e disse que a discussão sobre o tema foi feita nesta data para que a proposta seja votada o mais rápido o possível para beneficiar os servidores. “Como foi agora no final do ano que o prefeito passou o projeto para nós e o recesso só volta dia 15, ai foi marcada uma (reunião) extraordinária até para os servidores. Nós na verdade só voltamos daqui mais alguns dias. Então como tinha esse projeto de caráter de urgência a gente resolveu fazer uma extraordinária para adiantar também essa parte para os servidores. Mas como tem que ser discutido dentro do orçamento, a gente vai analisar rapidamente e vamos fazer outra extraordinária para passar o mais rápido possível esse repasse para os servidores”, afirmou.
O prefeito compareceu a reunião para debater o projeto e insistiu que não é possível aumentar o valor. O vereador Marcos Gonçalves (PT) sugeriu que fosse feito um estudo novamente sobre o quanto o aumento iria impactar no orçamento do município. A vereadora Daniela Corsi (PP), que também é servidora também pediu para que fosse refeito o estudo e questionou se não é possível um reajuste maior que 20%, ao menos 30%. “Eu acho que por ter ficado cinco anos sem pagar o reajuste. Qualquer reajuste acima de 20 reais é bem aceito”, avalia.
Daniela ainda lembra que o prefeito havia solicitado ajuda na aprovação de projetos do interesse do Executivo e em troca apoiaria o voto dos vereadores em propostas que beneficiassem a população. “Em outros projetos que você pediu a nossa ajuda, como o aumento do salário dos secretários, a gente votou aqui porque era uma necessidade de vocês. Agora eu acho que essa é uma necessidade nossa”, salientou.
O prefeito prometeu que iria solicitar a revisão do estudo de aumento do vale alimentação, mas não sinalizou que poderia haver aumento. A vereadora Daniela disse que queria acompanhar a revisão e o prefeito autorizou. Com isso a votação do projeto foi adiada, mas não há uma data definida para que ela aconteça.
Reportagem: Nayara Neves

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